As tensões entre Estados Unidos e China atingiram nova alta com a visita da Presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, a Taiwan. A visita foi significativa para a China por representar, de forma implícita, um desafio ao princípio de “Uma China” defendido pelo Partido Comunista Chinês. Esse princípio é constituído pela ideia de que há apenas uma China, e que Hong Kong, Macau, Tibete, Xinjiang e Taiwan, integram essa China de forma indivisível. Taiwan, que se governa sozinha desde 1949, tendo sua própria estrutura de liderança, constituição e legislatura, defende ser um país independente.
Os Estados Unidos não reconhecem Taiwan como um país oficialmente. Ainda assim, sob o governo Biden, os EUA têm se aproximado do governo de Tsai Ing-Wen. Um grande motivo por trás dessa aproximação é a preocupação com um possível avanço militar chinês sobre a ilha.
A visita de Nancy Pelosi, um dos maiores nomes da política estadunidense atual à ilha, é um marco. Isso porque é incomum que figuras de alto escalão de um governo visitem oficialmente países que não reconhecem. A visita, portanto, acaba indicando uma inclinação política dos Estados Unidos a reconhecer implicitamente a independência de Taiwan da China continental.
Um conflito militar entre as duas maiores potências do mundo por causa dessa visita é improvável. Ainda assim, vale destacarmos consequências que poderiam decorrer de um enfrentamento por causa de Taiwan. Taiwan é responsável pela produção de 60% dos semicondutores do mundo – e semicondutores são essenciais para a produção de equipamentos eletrônicos. Uma interrupção na produção e exportação de semicondutores por Taiwan, portanto, teria consequências catastróficas para a indústria mundial.
Além disso, qualquer enfrentamento em torno de Taiwan, principalmente um que envolva os Estados Unidos e a China, teria consequências diretas para as economias do mundo. Isso é agravado, ainda, pela aliança entre Estados Unidos, Índia, Austrália e Japão, o Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad). Um conflito envolvendo todos esses países levaria a um desequilíbrio intenso e irremediável no curto prazo dos mercados mundiais.